segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

A democracia das marcas por Carlos Coelho

As marcas, sendo intangíveis, são um dos mais concretos resultados da democracia. Sendo responsáveis por uma parte importante da criação de riqueza assumiram-se como motores da economia. Os donos das marcas especializaram-se em oferecer aos consumidores razões cada vez mais completas para estes comprarem a sua marca em vez de outra. Tiveram que aprender a gerir as suas marcas: ouvir, seduzir e partilhar (tudo simples mas muito difícil de praticar). Pelo seu lado os consumidores foram assumindo o poder, (na revolução industrial a oferta era inferior à procura e o consumidor um "eleitor" sem poder, apenas agradecido pela oportunidade de ter acesso ao "voto"). Hoje com o excesso de oferta o consumidor decide sobre o futuro das marcas e todos os dias "vota" com a carteira, elegendo umas e derrotando outras. Neste complexo domínio de interacções, criou-se uma espécie de democracia das marcas que funciona. Todos os dias nascem e morrem marcas e só sobrevivem aquelas que são realmente boas, e ser bom significa ser eleito pelos consumidores. Na democracia das marcas abstenção significa não compra, falência, quebra do mercado no seu todo. Quando assim é abre-se imediatamente espaço para marcas novas. Não há espaço para ser líder de um mercado em queda vertiginosa. A democracia real tem de acordar e aprender com a democracia das marcas, antes que a maioria dos eleitores a descontinuem.

por Carlos Coelho, Publicado em 24 de Janeiro de 2011 no Jornal i

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